terça-feira, 11 de junho de 2024

Câmara vota em regime de urgência projeto de lei que compara aborto legal com homicídio

 

A Câmara dos deputados está pautando com urgência o PL 1904, projeto de lei que quer restringir ainda mais o aborto legal no Brasil. O projeto quer equiparar o aborto após a 22ª semana de gestação, mesmo nos casos em que é legalizado, como em casos de estupro, ou de  gravidez de risco, ao crime de homicídio simples. Se aprovado, a pena máxima aumentaria de 10 para 20 anos a pena máxima para quem realizar o procedimento.

Além disso, o texto fixa em 22 semanas de gestação o prazo máximo para abortos legais. Hoje em dia  a lei permite o aborto nos casos de estupro; de risco de vida à mulher e de anencefalia fetal (quando não há formação do cérebro do feto). Atualmente, não há no Código Penal um prazo máximo para o aborto legal. Outro ponto previsto no projeto é que médicos que realizarem o procedimento após 22 semanas poderão responder criminalmente. 

O PL 1904 tem autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL/RJ), e conta com a assinatura de 32 parlamentares. Caso o pedido de urgência seja aprovado, o texto pode ser apreciado no Plenário a qualquer momento, sem necessidade de passar pelas comissões da casa, o que agiliza a tramitação da medida.

De acordo com o código penal, em casos de realização de aborto não previsto em lei, estão previstas penas que variam de um aos três anos, quando provocado pela gestante ou com seu consentimento, e de três a dez anos, quando feito sem o consentimento da gestante.

Caso seja aprovado, o projeto propõe que brasileiras com direito ao aborto legal e previsto em Lei e que já sofrem com dificuldades para realizar o procedimento poderão ser criminalizadas. Para Ana Couto, integrante do GT Gênero e Saúde da Abrasco e Diretora-executiva do Centro Brasileiro De Estudos De Saúde (Cebes), limitar o acesso a um direito previsto, desde 1940, é um grande retrocesso. “A autonomia médica precisa estar orientada pela ciência. “Impedir o acesso ao procedimento e forçar essas mulheres a uma gestação fruto de uma violência é outro ato violento. O acesso ao aborto legal é garantido a muitos e muitos anos, mesmo que o acesso a ele seja ainda muito limitado.”, afirma a pesquisadora.

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